segunda-feira, 10 de março de 2008

O facto de me stressar tanto com estas coisas poderá ser um bom indicador de que a minha vida pessoal é uma treta


Quem não me conheça muito bem poderá não saber de algo: eu praticamente não vejo televisão. Não, a sério, não vejo. À excepção do ocasional telejornal ou quando tenho companhia e algo para ver, não vejo televisão, muito menos a televisão portuguesa. Porquê? Bem...


Ontem tive o infortúnio de ver o final de um episódeo de uma nova telenovela da TVI, "Fascínios".

Por esta altura já estarão a dizer "Então o rapaz foi-se meter nessa vida? Ele até era bom moço... que desgraça!". Pois, mas agora não há volta a dar. Como é óbvio tive de vir aqui desabafar... nem sequer irei comentar a pobreza e insanidade dos diálogos e a orgia de clichés que rodeiam esta telenovela. Não senhor, irei pegar em algo muito mais perturbador.




Já tentaram matar o seu papa hoje?



Porque é que os Indianos nesta telenovela (sim, o Rogério Samora e a Mariana Monteiro são, supostamente, Indianos) são côr-de-laranja? Não, não é a gravação acima que é má e ficou com uma coloração estranha. Aliás, visto de uma televisão é ainda pior. Não consigo deixar de ter pena das personagens que parecem ter sofrido um acidente grave e macabro envolvendo Tangerinas e/ou Tang de Laranja.

Infelizmente, acho que um acidente repleto de Vitamina C não é a explicação correcta para esta bizarria... mas não deixa de ser completamente surreal a explicação mais provável: as pessoas que fizeram estas personagens nunca viram uma pessoa Indiana em toda a sua vida.

E eles não andam escondidos, atenção! Eu já encontrei em várias ocasiões um senhor Indiano que me queria vender flores ou aparelhómetros cheios de luzes, e não andei propriamente à procura dele por todas as avenidas e ruelas. No entanto nesta telenovela parece que alguém simplesmente deu umas descrições vagas e gerais sobre essa etnia e cultura, deixando amplo espaço a interpretação.



A personagem do Rogério Samora, em particular, é extremamente desconcertante.

Abandonando o facto de a sua cútis ter a mesma côr das cadeiras de plástico da esplanada do café em frente à minha casa, aqueles olhos azuis, tão obviamente falsos (a côr, não os olhos, os olhos acho que são mesmo do Rogério Samora, metem-lhe é umas lentes de contacto para parecer que os seus olhos são azuis) também não ajudam nada. Juro que a primeira vez que o ví no ecrã julguei que se tratasse de um extra-terrestre ou um ser de outra dimensão.


"Ajoelhem-se perante Gzorx, imperador da Galáxia!"


E o estranho é que, supostamente, esta personagem é Luso-Indiana. O que significa que, dando-lhe apenas um tom mais escuro com um bronzeado minimamente realista, e a sua côr de olhos normal (que seja do meu entendimento, não há por aí muitos Indianos de olho azul-choque), ficaria adequadamente caracterizado. Mas pelos vistos houve alguém na produção que se lembrou que isto era a TVI, e que por isso tinham de lixar tudo o máximo possível.

"Não espera... vamos utilizar aquela nhaca que finge o bronzeado mas que toda a gente percebe que é falsa, dando-lhe uma côr mais exótica... e ah, que se lixe, metemos alí também uns olhos azuis por nenhum bom motivo".




Pois... mesmo assim dar-me-ei por contente se até ao final da série não recorrerem a nada deste género:



Na verdade, era capaz de tornar a novela bem mais interessante.

Ah, e caso não tenham notado, ninguém neste vídeo é um citrino.



Esperemos que os deuses da televisão tenham misericórdia e nos poupem da fúria lobotomizante da TVI.


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